3 configurações que um editor de cinema precisa saber para trabalhar na indústria.

Um profissional inexperiente pode ficar perdido com as configurações de criação de sequência e exportação dos softwares de edição de vídeo. A configuração adequada da edição do filme é fundamental por diversos motivos.

O primeiro é adequação à linha de trabalho da equipe, pois, lembre-se, o editor lida com o material que recebe do set, ou seja, com as configurações de câmera definidas pela equipe de fotografia. Claro que essas configurações são relativamente padrão e, nas variações que ocorrem entre projetos, combinadas com a equipe de pós-produção durante o planejamento do filme.

Akira Kurosawa.

O que você precisa saber é que as configurações de edição costumam acompanhar as configurações de câmera, para que se crie coerência ao longo de todo o processo.

Então, já fique ciente, você como editor em uma equipe de audiovisual vai receber os arquivos da câmera com configurações que você vai seguir. No curso completo Edição Cinematográfica, seu instrutor Tomás Osten te ensina a “ler” essas configurações e entender exatamente o que significa cada uma e como ela altera a imagem e também a impressão que o público tem dessa imagem, pois existem sutilezas que o olho humano percebe e você nem imagina qual configuração provoca essas impressões.

Mas tem três coisas que você já pode aprender agora e vão te ajudar a adequar seus projetos.

1- 23,976 é a taxa de frames padrão.

A maioria dos projetos de cinema, TV e streaming são filmados e editados a 23,976 quadros por segundo. Lembrando que taxa de frames ou de quadros é a quantidade de imagens separadas que constituem um segundo de vídeo/filme. 

Uma curiosidade interessante é que, até a introdução do som no cinema, não havia nenhum tipo de padrão de taxa de quadros. Os filmes variavam entre 14 e 26 frames por segundo. Os clássico 24fps foram convencionados para corresponder à sincronização do áudio.

Jean-Luc Godard.

Mas, hoje, no digital, o 23,976 acaba sendo a configuração padrão de filmagem e edição. Atente-se na criação de sequência, configurando da forma que você irá exportar esse projeto depois.

Uma exceção desse padrão está na criação de DCPs, cópias de alta definição enviadas para exibição em cinemas, que são finalizadas a 24 fps, mas essa conversão acontece apenas no fim do processo de pós.

2- Editores profissionais editam com arquivos menores do que os originais.

Em um longa ou uma série a quantidade de arquivos nativos pode ser gigantesca. Para que seja possível a otimização do espaço de armazenamento e tempo de edição, são criadas proxies, ou, cópias de edição. 

São cópias menores dos arquivos nativos da câmera, que, obviamente, são capturados sempre na maior resolução possível.

Thelma Schoonmaker, editora que trabalhou com Martin Scorsese em diversos clássicos do cinema americano.

E é isso que importa, para o editor. Você pode reduzir uma mídia com facilidade, mas melhorar a qualidade de algo que foi filmado em qualidade inferior não. Por isso que as cópias de edição são, depois, convertidas para o tamanho adequado à exportação (que não necessariamente equivale ao tamanho do arquivo nativo da câmera).

3- O tipo de compressão usado na exportação de cópias de exibição é o temporal.

Esse tópico já é um pouco avançado, mas quem quer editar filmes e séries precisa saber a respeito.

O codec é um software usado para codificar e decodificar as informações de um arquivo de mídia audiovisual da forma mais eficiente sem perder qualidade. E os dois tipos de compressão são temporal e espacial, que dizem respeito a como o software processa as informações de mídia audiovisual no processo de exportação para algum formato de vídeo (MP4/AVI/MOV).

Você que é familiarizado com o Adobe Premiere deve reconhecer a sigla “H. 264”. Esse é um dos codecs de compressão temporal, o mais popular, inclusive.

Para geração de arquivos de entrega para o destino, então, utiliza-se compressão temporal porque o objetivo nesse momento é ter qualidade de vídeo otimizada para performance. 

A compressão temporal permite que o produto final seja de alta qualidade mas sem informações desnecessárias que prejudicariam a reprodução dessa mídia, digamos, em plataformas de streaming, por exemplo. 

Esse equilíbrio entre qualidade e performance otimizada explica a escolha da compressão temporal nesses casos. É um codec H.264 HD o padrão, que vai preservar qualidade sem gerar um arquivo imenso.

O mesmo não acontece na criação de cópias para preservação e, muitas vezes, DCPs, que buscam o maior arquivo possível, ou seja, muita informação. Isso quer dizer: compressão espacial.

E aí, gostou de dar uma espiada nas configurações de um editor profissional?

Comente que tipo de filme, série ou produto audiovisual em geral você mais gosta de montar que a gente quer saber.

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